terça-feira, 17 de outubro de 2017

RELATÓRIO DO ENCONTRO ESTADUAL DAS(OS) TRABALHADORES(AS) DO SERVIÇO SOCIAL, DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E DOS TÉCNICOS DO SEGURO SOCIAL




RELATÓRIO DO ENCONTRO ESTADUAL DAS(OS) TRABALHADORES(AS) DO SERVIÇO SOCIAL, DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E DOS TÉCNICOS DO SEGURO SOCIAL

Data: 07 de outubro de 2017.

Local: Auditório do Hotel Vina Del Mar.

Gerências Executivas/Entidades presentes representadas: Gex Centro, Gex Duque de Caxias, Gex Norte, Gex Volta Redonda, Gex Campos, Gex Petropólis, UFRJ, CSP- CONLUTAS, AGU/Auditoria Cidadã, Fórum de Saúde, CNASF, SINDSPREVRJ, CRESS-RJ.

Número de participantes: 42 pessoas.
Organização: Fórum das Assistentes Sociais do INSS do Rio de Janeiro

No sábado, 07 de outubro de 2017, no período de 09 às 17hs, teve início o Encontro Estadual entre os Servidores do INSS do Rio de Janeiro para debater e traçar estratégias de enfrentamento aos aspectos conjunturais de desmonte da Previdência Social e aos ataques desferidos contra os serviços de Reabilitação Profissional e de Serviço Social no INSS, assim como a reestruturação do INSS.


A pauta da reunião foi a contrarreforma da Previdência Social, INSS Digital, ataques ao Serviço Social (extinção), Sistema de Registro “Santos” e Memorando-Circular n. 25/2017/DGP/INSS. 

Inicialmente foi realizada uma mesa de abertura compostas por entidades e movimentos sociais que se solidarizaram com a luta das assistentes sociais do INSS para a manutenção do serviço social na estrutura regimental do Instituto. Os representantes das entidades fizeram uma saudação ao evento e reafirmaram o compromisso de se manterem à disposição da luta para os novos enfrentamentos que virão. 



 Mesa principal: contrarreforma da Previdência Social e seus desdobramentos sobre os serviços previdenciários de Reabilitação Profissional e Serviço Social e a era do INSS Digital: as palestrantes Professora Lúcia Lopes e Ailton Marques pontuaram que há a necessidade, e que já está em construção, de um pólo de resistência contra a contrarreforma da Previdência Social, cujas características atuais apontam para um desmonte distinto, mas não desconectado, dos períodos anteriores, por ser um dos ataques mais agressivo desferidos pelo capital contra os direitos dos trabalhadores, desconfigurando por completo a proteção social do trabalhado no Brasil. 
        O capital, em especial o financeiro, vem desferindo ataques contra as Previdências Públicas em vários países de forma bem parecida e no Brasil, a tal contrarreforma não se limita apenas às mudanças das leis com a a extinção ou restrição de direitos. É, portanto, a síntese dos sucessivos ataques dos governos brasileiros pós constituição de 1988 à política pública de previdência social, de Collor de Melo e FHC, passando por Lula da Silva e Dilma, e agora com Michel Temer.
Frente a grave crise estrutural que passa o capitalismo (econômica, cultural, ambiental e etc.), o sistema vem tentando se reestruturar e a previdência é uma das políticas sociais mais visadas neste processo, pois o seu orçamento público é em torno de 23% do orçamento geral da união e, portanto, tal recurso público é visado pelo empresariado nacional e internacional, principalmente do setor financeiro. Assim, a privatização direta ou indireta com os fundos de pensões, fundos mútuos, planos de previdências complementares fazem parte do desmonte das políticas sociais. Dentre outros elementos temos a criação da DRU, que retira uma fatia considerável dos recursos da previdência, a PEC nº 20 (FHC), os ataques em especial à previdência dos servidores públicos pelo governo Lula da Silva e a ofensiva restritiva/retirada de direitos operados no governo Dilma em especial contra as pensões do RGPS. 
 O desmonte e inoperância das estruturas operacionais do INSS por meio do sucateamento de seus recursos como falta de servidores, de material, metas, extinção de serviços e agências de previdência social, BILDs, INSS Digital são mecanismos que restringem e dificultam o acesso aos serviços e atendimentos ofertados na previdência social. 

O INSS Digital é um projeto com várias implicações que podem trazer sérios prejuízos aos usuários da Previdência Social e para os servidores do INSS. Os palestrantes ponderam inicialmente que jamais se posicionam contrários ao uso da tecnologia no processo de trabalho no INSS. Na verdade, a tecnologia quando usada para liberar o trabalhador das jornadas extenuantes, passando a permitir que desenvolva outras faculdades e potencialidades, é sempre louvável e precisa ser estimulada. Mas não é isto que vem acontecendo com o uso da tecnologia no sistema capitalista e, assim, nos projetos já implementados do INSS Digital, destacando-se algumas implicações: acredita-se que grande parcela dos usuários não tem acesso aos serviços de informática, limitando o contato direto com os serviços ofertados pelo Instituto; por conta disso, percebe-se um ligeiro aumento do número de atravessadores (os dados estão sendo levantados). 

No âmbito interno, os servidores estão perdendo o contato direto entre si, o que inviabiliza as trocas de conhecimento; percebe-se um aumento das metas para aqueles que aderiram ao projeto; há uma perda no processo de organização e mobilização de luta (sindical), uma vez que o servidor está "remoto"; há um aumento do número de benefícios indeferidos (levantando dados); não há mais a orientação direta do servidor para o usuário; já se aponta para jornadas de trabalho extenuantes e precariedade no funcionamento dos sistemas e incentivo para possibilidades de terceirização dos serviços. Os primeiros pilotos estão em fase de testes e os resultados, segundo relatos de servidores, tais como o de Mossoró, vão no sentido de desilusão do projeto vendido pelo "INSS 360º".


b)       Sobre o "Sistema de Registros Santos" e o Memo. nº 25 da DGP, o grupo de discussão no período da tarde levantou várias questões: o serviço social sempre reivindicou um sistema de registro capaz de mensurar suas atividades; várias atribuições do serviço social não são contempladas pelo sistema Santos, que simplifica a quantificação do resultado final do trabalho das/os assistentes sociais; desde 2014 foi constituído GT para formular um sistema de registros para o serviço social formado por profissionais de várias partes do país, diferentemente do sistema Santos que foi arbitrariamente imposto pela gestão. Foi construído e homologado o sistema GET-SESO e que só falta colocá-lo em funcionamento.

 

  


Quanto ao Memorando-Circular nº 25 DGP/INSS/2017, o grupo avaliou que o impedimento da acumulação de cargos dentro do INSS pelas assistentes sociais, T.O., fisioterapeutas e psicólogos faz parte do desmonte dos serviços públicos em pauta pelo governo Temer que apresenta meta de extinção de aproximadamente 60 mil cargos públicos, potencializado por uma determinada categoria de profissionais que se alinharam ao governo corrupto de Temer e que vem fazendo lobby com o objetivo de conseguir benefícios próprios para sua categoria, elegendo o serviço social como principal alvo de ataque. Ficou claro sobre a necessidade de articular a luta em defesa das/os assistentes sociais como profissionais da saúde e consequentemente o direito de acumulação de cargos, uma vez que esse setor vem tentando desconstruir nossa profissão, em uma clara tentativa de anular a sua especialização do seu trabalho e atribuições. Salientamos que várias pessoas e sindicatos já estão ajuizando ações em defesa da manutenção do duplo vínculo, com obtenção de êxito.


PROPOSTAS/DELIBERAÇÕES:
1.   Pelo não preenchimento do sistema “Santos” do pau oco (confeccionar uma nota do Fórum orientando a categoria e demais servidores envolvidos a não preencher o sistema até que o processo de negociação entre a gestão e a FENASPS se concretize);
2.   Continuar pressionando a gestão do INSS para que implante e coloque em funcionamento rapidamente o sistema GET- SESO, desenvolvido com a categoria por intermédio do GT;
3.   Continuar produzindo o BESS até que o sistema GET-SESO entre em funcionamento, encaminhando para suas respectivas RTs.
4.   As equipes de Serviço Social devem produzir documento e enviar para seus superiores solicitando que o B 87 e B 88 não sejam adicionados ao processo do “INSS Digital”, dadas as complicações para sua implantação neste tipo de trabalho/atendimento.
5.   Exigir condições mínimas de trabalho (telefone, impressora, sala climatizada e com sigilo e etc.).
6.   Articular com os trabalhadores da Reabilitação Profissional a tentativa de recuperar as telas do sistema de registros da RP que estava em construção e que atualmente está parado, para articular de forma conjunta a retomada deste trabalho.
7.   Dar periodicidade às reuniões/encontros deste Fórum, de forma aberta a todos os servidores do INSS e com articulação com os movimentos sociais, imprimindo caráter de “comando de mobilização permanente” em defesa da previdência social e de seus serviços.
8.   Construir um evento/seminário sobre a contrarreforma da previdência com a “auditoria da dívida cidadã”, ANFIP, fórum das/os assistentes sociais do RJ e demais entidades interessadas em defender a previdência social.
9.   Dar publicidade aos relatórios e documentos deste Fórum nos meios de comunicação disponíveis, tais como o blog “nosdoinss”, páginas dos sindicatos, CRESS e etc.
10.         Aprofundar o debate entre os trabalhadores dos serviços previdenciários Serviço Social e Reabilitação Profissional; 

11. Estimular a produção teórica entre os profissionais do serviço social sobre temas de relevância para os trabalhadores.

No geral, acreditamos que as atividades desenvolvidas caminham numa crescente e que as lutas tendem a se acirrar ainda mais, exigindo uma capacidade maior de articulação entre os diversos setores da classe trabalhadora. Assim, convocamos todos os trabalhadores do INSS, em conjunto com os demais setores progressistas da sociedade para que se organizem e lutem em defesa da previdência social. Ressaltamos a importância de ocuparmos e nos organizarmos por dentro dos sindicatos, Centrais e Federações com objetivos claros de conduzir estes instrumentos para a convergência da luta de classes e que possamos corresponder aos interesses dos trabalhadores.



Sonha e serás livre de espírito... Luta e serás livre na vida”
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2017.